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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Sou brasileira, indignada ...

Presas são vítimas de abusos em mais cinco Estados


Diz-se que o brasileiro é bom. Mas a toda hora, a todo minuto há no Brasil bons que nos atropelam com sua bondade. No Pará, a crueldade dos bons lançou uma menina de 15 anos numa cela com mais de duas dezenas de marginais. Teve-se a sensação de que a bondade chegara ao seu ápice. Bobagem. Descobre-se agora que os paraenses não estão sós. Há brasileiros bons também em outros Estados.

A bondade é comum a pelo menos outros cinco Estados: Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo. Aos pouquinhos a bondade brasileira vai perdendo a sua delicadeza. Leia, a propósito, texto dos repórteres Kleber Tomaz e Rogério Pagnan, da Folha (só assinantes):


A
violência sexual sofrida por uma jovem presa numa cela com 20 homens em Abaetetuba (137 km de Belém) não é um fato isolado e exclusivo do Pará. Um relatório produzido por entidades brasileiras de defesa das mulheres e entregue à OEA (Organização dos Estados Americanos) em março deste ano aponta situações de abuso e violência contra presas em pelo menos cinco Estados. O Pará não foi citado na época.



No Rio Grande do Norte e na Bahia, as mulheres têm de dividir a cela com travestis e adolescentes homens. O documento relata que, em Mato Grosso do Sul, onde há uma cadeia mista na cidade de Amambai (porém com celas separadas por sexo), um funcionário manteve relações sexuais com uma presa dentro da cela, na presença de dez mulheres.


Há ainda casos de cadeias femininas em que só há funcionários do sexo masculino. O relatório cita problemas em outros dois Estados: Rio e Pernambuco. Apesar de não estar no relatório enviado à OEA, em São Paulo há ao menos uma cadeia mista (homens e mulheres na mesma unidade, em celas separadas), em Ubatuba.


Além da Pastoral Carcerária Nacional, participaram da elaboração do relatório o Centro de Justiça e Direito Internacional e o Grupo de Estudos e Trabalho Mulheres Encarceradas.


Os dados do documento são de 2006, mas, de acordo com a advogada Luciana Zaffalon Cardoso, coordenadora do grupo interministerial criado para discutir políticas públicas para mulheres presas, a situação encontrada nos presídios continua inalterada. "Não se observou nenhuma mudança ainda em relação às denúncias." As entidades relatam que as detentas são às vezes obrigadas a fazer sexo com os próprios presos ou com os funcionários.


Assim como a jovem do Pará que disse ter feito sexo com os presos em troca de comida, as detentas violentadas também trocam o corpo por benefícios, segundo o documento. ‘As mulheres que sofrem violência sexual ou trocam relações sexuais por benefícios ou privilégios não denunciam os agressores por medo, uma vez que vão seguir sob a tutela de seus algozes’, diz trecho do relatório.


O texto sugere que os problemas podem não ser limitados aos cinco Estados, ao citar a falta de dados oficiais ‘sobre quantas e quais são as unidades prisionais que ainda possibilitam essa convivência’. E destaca que as presas não estão livres de abuso mesmo onde há a separação de sexo por celas.


Em Paulo Afonso (BA), por exemplo, duas presas ficaram grávidas dentro da cadeia (onde não são permitidas visitas íntimas). Lá, elas são trancadas com adolescentes infratores no mesmo pavilhão -que é separado do espaço dos outros presos por uma grade. Há um carcereiro para 80 pessoas presas.


O delegado titular de Paulo Afonso, Idelbrando Alves da Silva, 46, afirma que, mesmo com a separação, há poucas semanas um preso e uma detenta foram flagrados fazendo sexo na grade. ‘A presa passou a noite algemada para não fazer mais isso.’ A divisão foi construída há seis meses. Antes, ficavam todos no mesmo pavilhão -mulheres e adolescentes no pátio; homens adultos, nas celas.


Na cadeia de Mossoró (RN), travestis são presos com mulheres pois não são aceitos pelos presos. E em Mesquita (RJ) e Recife não há carcereiras. A Defensoria Pública de São Paulo diz que não é rara a necessidade de intervenção do órgão para remover detentas em unidades destinadas para homens. Para os defensores, uma das preocupações é ocorrer rebeliões, e, no tumulto, as mulheres serem violentadas.


Escrito por Josias de Souza

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