Não se pede mais em namoro em São Paulo
É namoro ou amizade? Rolo, cacho, ensaio de amor, romance ou pura felicidade clandestina?
“Qual é a sua, meu rapaz?!”, indaga a nobre gazela. E o homem do tempo nem chove nem molha. Só no mormaço, só na leseira das nuvens esparsas.
Na era do amor líquido, para lembrar o título do ótimo livro de Zygmunt Bauman sobre a fragilidade dos encontros amorosos, é difícil saber quando é namoro ou apenas um lero-lero, vida noves fora zero…
Cada vez mais raro o pedido formal de enlace, aquele velho clássico: “Você me aceita em namoro”?
Talvez nem exista mais em São Paulo, a não ser lá na divisa com o Mato Grosso, numa taberna perdida de Mirassol, na praça de Guzolândia, depois da missa de domingo, talvez em Cosmorama, nunca na Ilha Solteira…
O amor e as suas malasartes. O amor será sempre dirigido por Hitchcock, haja suspense,mestre!
“Quer namorar comigo?”
No tempo do “ficar”, quase nada fica, nem o amor daquela rima antiga.
Alguns sinais, porém, continuam valendo e dizem muito. O ato das mãozinhas dadas no cinema, por exemplo, ainda é o maior dos indícios.
Mais do que um bouquet de flores, mais do que uma carta ou um email de intenções, mais do que uma cantada nervosa, mais do que o restaurante japonês, mais do que um amasso no carro, mais do que um beijo com jeito, daqueles que tiram o batom e a força dos membros inferiores.
“Vamos pegar uma tela, amor?”, como se dizia não muito antigamente.
Eis a senha.
Mais até do que um jantar à luz de velas, que pode guardar apenas um desejo de sexo dos dons Juans que jogam o jogo jogado e marketeiro do homem-bistrô, aquele que conhece vinho, que cheira a rolha para impressionar a moça.
O cinema, além da maior diversão, como diziam os cartazes de Severiano Ribeiro, é a maior bandeira. Nada mais simbólico e romântico. Os dedos dos dois se encontrando no fundo do saco das últimas pipocas… Não carecem uma só palavra, ainda não têm assuntos de sobra.
Salve o silêncio no cinema, que evita revelações e precoces besteiras.
Ah, os silêncios iniciais, que acabam voltando depois, mas voltando sem graça, surdo e mudo, eterno retorno de Jedi. Nada mais os unia do que o silêncio, escreveu mais ou menos assim, com mais talento, claro, Murilo Mendes, outro monstro entre os nossos líricos.
Palavras, palavras,palavras…
Silêncio, Silêncio, silêncio…
Dessas duas argamassas fatais o amor é feito e o amor é desfeito. Simples como sístole e diástole de um coração que ainda bate.
Publicado por Xico Sá
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terça-feira, 12 de junho de 2007
Quer namorar comigo?
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6 comentários:
Talvez estejamos na "Era pós-rejeição" ou na "Era pós-sustos".
Tia Lilica, eu te postei...
Temos um "Especial Dia dos Namorados" com direito a "Love is in the air" por aqui...
Hummmm...
Parabéns!
Até quebrei a regra.
Beijo!
Feliz dia dos namorados!!!
Beijinhos
Guardião,
Obrigada pela visita e comentário, então esse tema você gosta, né?
Foi o dia de maior acesso no blog desde que vim para o Blogger.
Queridíssimo Oscar,
Fiquei muito feliz pelo teu comentário. Você é um doce.
Emy,
Você é uma graciha, saia e arrume um namorado já, ainda está em tempo!
Obrigada meus amiguinhos, adoro vocês!
beijos
Lilica
Tia Lilica,
o tema sempre me fascinou...
Ao colega Oscar:
regras são feitas para serem quebradas.
Renatinha, não de ouvidos a tia Lilica... Apaixone-se primeiro, depois arrume o namorado.
Guardião,
Adoro isto que escreveu p/ o Oscar!
Levava mais a serio qdo era aborrescente! hehe...
Brigada pela dica!
Xiii Lilica,
Já era!
Fiquei p/ trás!
Quem sabe ano que vem!
Beijos p/ vcs!
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