A carta escrita à mão, origem, data, saudações, motivos, despeço-me por aqui, papel fininho e pautado, pelos Correios, mr. Postman, como na música. Como canta o Roberto, escreva uma carta de amor, e diga alguma coisa por favor.
Pela volta da carta de amor.
Chega de emails lacônicos e apressados. Debruce a munheca sobre o papiro e faça da tinta da caneta o seu próprio sangue. Drama, senhoras e senhores.
Não temas a breguice, o romantismo, como já disse o velho Álvaro de Campos, todas cartas de amor são ridículas, e não seriam de amor se ridículas não fossem.
A carta, apesar de todas as modernidades e invencionices contemporâneas, ainda é o melhor veículo para declarar-se, comunicar afinidades e iniciar um feitio de orações.
Se tiver alguma rusga, peça perdão por escrito, pois perdão por escrito vale como documento de cartório.
Se o namoro ainda não tiver começado, largue a mão dessas cantadas baratas e internéticas e atire a garrafa aos mares. Uma boa carta de amor é irresistível. Mas não vale copiar aqueles modelos que vêm nos livros. Sele o envelope com a língua, como nas antigas, lamba os selos, esse pré-beijo dos lábios do(a) futuro(a) amado(a).Que os amigos, e não apenas os amantes, se correspondam, fazendo dos envelopes no fundo do baú as suas histórias de vida.
Pela volta da carta, que já é por si só uma maneira devota, um tempo que se tira, sem pressa, para dedicar-se a quem se gosta. Pela volta da carta, pois o que se diz numa carta é de outra natureza, é o bem-querer em tom solene.
O que você está esperando, meu amigo, minha amiga, largue esse cronista de lado e debruce-se sobre a escrivaninha. Uma mesa de bar ou de um café também são bons lugares para assentar as suas mal-traçadas linhas.
Um namoro, romance ou cacho somente à base de emails não se sustenta, mais parece uma troca de ofícios, “venho por meio desta”, uma troca de protocolos, mensagens comerciais. Um amor sem uma troca de cartas, nem que seja bem rápida, ainda não é amor… O que você está esperando? Vamos lá, amiga, papel, tinta e derramamento, faz favor!
Não há quem não se comova com uma carta. Claro, você está certa, sempre haverá aquele medroso, aquele que se espanta com as palavras devotas… É, os fracos se encontram em todas as partes. Estes temem a própria vida, são frios, reconhecerás de longe. Estes não valem uma linha, não valem sequer um email ou pulso telefônico. Não tires o mundo por eles, uma carta nas mãos de um homem tem o poder de uma bela bomba amorosa. Experiência própria, eu gamei na hora.
2 comentários:
Uma carta de amor pra você:
"Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.
"Metade de mim é amor, e a outra metade... também!"
Beijos, minha querida!
Oi lilica!
Vc por aqui!
Sou totalmente a favor...
Coincidentemente estava lembrando de uma que recebí há tempos...
Guardo até hoje!
Beijo!
Esta linkada!
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