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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Quesito: Enredo

Não é só gringos como Matthew Shirts, colunista do Estadão, que acha a organização das escolas de samba estranha, a brazuca aqui também. Separei alguns trechos da crônica “O carnaval dos fenícios” (12/02/2007), com as experiências dele no carnaval paulistano. Olha a Pérola Negra aí gente!


“Tentava lembrar, antes de chegar no restaurante, em qual das alas da Pérola minha filha Maria queria sair, se a dos hindus ou a dos fenícios.

..... me disseram, como a escola subira ao grupo especial, este ano sairíamos vestidos de fenícios. Se a Maria desfilasse na mesma ala seria mais fácil para mim, já que poderia reservar nossas duas fantasias no restaurante do Pasquale mesmo, com sua esposa, Cleide.

Não sei se alguém já estudou os métodos de gerenciamento das escolas de samba. São curiosos, pelo menos para um americano. E, à primeira vista, parece improvável que vão trazer resultados práticos. Quem for a um ensaio tem a impressão de que quase ninguém, ali, está trabalhando com o objetivo de colocar 3 mil pessoas 'na avenida' em uma apresentação televisionada para o País e o mundo.

Na edição da revista Exame que está nas bancas, o colunista J.R. Guzzo descreve os programas eleitorais de campanhas presidenciais, nas quais, segundo ele, 'se faz uma simulação de intensa atividade na equipe do candidato'. 'Sempre aparece, ali', escreve, 'uma porção de gente de gravata e cara de conteúdo, andando de um lado para outro numa sala cheia de computadores, gráficos e outros sinais exteriores de trabalho em alto nível. Os participantes fazem de conta que trocam informações entre si, falam ao telefone ou se concentram na tela e no teclado de seu monitor. A idéia é transmitir um clima de operosidade e profissionalismo, e dar a impressão de que as pessoas ali presentes sabem o que estão fazendo. Funciona porque há gente que vê aquilo e acredita que seja verdade.'

Nos ensaios das escolas de samba acontece o contrário disso. Tenho a impressão, até, de que as pessoas se esforçam para parecer que nada fazem. Nem a letra do samba-enredo lêem. A bateria toca sem descanso, é verdade. Mas, de resto, o que se vê é gente conversando, tomando cerveja, no máximo uns passinhos da porta-bandeira com o mestre-sala. Na hora 'H', como se diz (por que será?), todos saberão como proceder. É difícil acreditar que isso funcione, e quase impossível imaginar que vai ser, ainda, pontual.

Por via das dúvidas, encomendei uma fantasia de fenício para a Maria também. Bom americano que sou, tinha medo de não conseguir a dos hindus de última hora.

No dia seguinte, encontro um e-mail da minha amiga Marina Moraes, oferecendo as últimas fantasias da ala do jacaré. O tema da Pérola este ano é 'Venda como arte, comércio como sua principal representação'. Só mesmo no Brasil é possível reunir hindus, fenícios e répteis fluviais de grande porte numa apresentação musical sobre vendas. Não perca. A Pérola será a primeira escola do Grupo Especial a desfilar na noite de sábado, dia 17.”


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